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redemunho

sexta-feira, agosto 25, 2006

A profusão contínua do agudo vocal, entrelaçando-se com as cores do corpo. Nas muitas pessoas presentes, o início criava um ambiente de estabilidade espiritual. As mãos delas conseguiam expressar as dificuldades encontradas no entendimento lingüístico; nas expressões faciais: o sentimento-natureza. Os tambores renasciam o sangue nosso; remontavam uma coincidência ancestral.
Palco sem enfeite, músicos postados em diagonal respeitosa; pouco diferia a troca efusiva das cores no alto. As roupas eram movimento. Era idade. As cabeças ao balançarem em compasso com os chocalhos, não estabeleciam o lugar-origem; voz, palma, boca forte no grito; eram todos nelas.
A individualidade não se apresentava como um personagem, mas como momento peça das várias facetas de um organismo.

*sobre a banda Mawaca; em show exibido no Teatro Tobias Barreto.

arnon gonçalves

terça-feira, agosto 22, 2006

Queria se perder na paz escura e fria da noite; os beijos dela não iriam mais amanhecer em sua cama. Resolveu pegar um ônibus sem destino algum aos olhos; com destino certo ao encontro-desencontro da alma. A distância dela criou a necessidade nele de perder-se para ser. Pouco foi o tempo nos braços dela; longa caminhada do ônibus. O veículo servia como anjo condutor pra apresentar o cotidiano que ele tanto insistiu em fugir; tornando-se personagem do outro cotidiano. Ele compreendia que a forma contraria trazia a ele um prazer desnecessário em seus sorrisos – sabia que tinha vários braços, e que morreria diariamente se continuasse enclausurado naquele quarto de porta mal pintada. No longo tempo em que se via no reflexo da janela, percebeu a caminhada dos outros como segundas formas de declarar a morte temporária. Morrer era total nuvem de liberdade.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Não vamos criar um mundo falso, meu passarinho; eu sempre esqueço que você a ama; eu não era você no dia em que a beijei; falei que não perdesse tempo; ela não quer tempo; ela quer “ELE”. Em letras garrafais mesmo! Ela quer o Deus dela; meu querido peixe voador, agora ela ta feliz, é agora! Aprendi muito com minha nuvem distante; ela não precisava falar; era o não como querer máximo; querido, não deixe passar esses momentos; arrisque-se; eu sei que você tem o amor necessário a ela; do seu jeito, amor da sua forma; fiquei abismado com o que dissestes sobre a tal manhã; eu confirmaria do mesmo modo como o Sol confirma a palavra amanhã; dificuldades são constâncias em nossas vidas; já que a oportunidade faz o ladrão, roube-a do mundo que ela sempre disse não comporta-la; leva-a pra outro, agora você é a nave; vamos acabar com essa coisa de deixa rolar; porra de rolar, elas, as que querem viver de verdade, precisam daqueles que interfiram no rumo das coisas; daqueles que são homem-ação; estou aprendendo diariamente a cair, passarinho; lembra do que eu te disse sobre saber destruir as coisas? Destrua esse muro do medo do não; da próxima vez que surgir a oportunidade do nosso encontro pro chopinho, quero ver você dizendo disposto a mudar; você é um homem de uma elegância inconfundível, sempre a apresentar surpresas em minha vida, e superando-se quando aceita minhas propostas burlescas; então cabra! Aceite meu novo jogo, aceite perder; é aí que tá o segredo; pense com o papai! Você só tem a ganhar se falar a ela o que a mesma quer escutar; meu curió, um time de futebol não entra em campo pra perder, não joga prorrogação pra perder, e não bate pênaltis pra perder; então, oportunidades não faltam; somos incompreendidos, inconformados, vilões, idiotas, chatos, mas não gostamos de nos ver no outro; eu não quero ver a derrota te rondando; você perde por não arriscar; meu velho, time frouxo é time de W.O.; não vai entrar em campo não? Vista a camisa, seja camaleão; a pele renova; uma perna de cada vez? Imagine quantos passos você já deu; dissestes que estava sem força; eu também! Mas nem por isso fiquei parado, mesmo sofrendo; amigo, temos que sofrer; pior é não sentir nada na hora do adeus; amanha você se arrependerá por não ter tentado; mesmo que caia em prantos, você tentou e caiu; levante-se!

arnon gonçalves