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redemunho

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

E fui andando

Quantas vezes cuprimos nossas promessas que criamos para melhorar? Um para o outro. Promessas bestas de conhecer mais a vida, sentir o amor não doer. Quantas coxas não nos apaixonamos porque prestavamos atenção na conversa desajustada do outro; palhaça. Quantas conversas interrompidas por coxas e nossos olhares a concordar toda maldade contida alí. Quantos sorrisos despejados em imitações baratas, de personagens baratos; despejadas em cima de mesas enferrujadas nas calçadas das avenidas.Quantos copos cheios pra molhar a barriga; pra dar ânimo nas explicações sobre os literatos: nossos sonhos no papel; nossos pânicos da manhã seguinte.
Sorrimos para baixo, erguendo as mãos para cima; pensando na sordidez do outro. Qunatas músicas não sentidas, mas não sentidas pela opinião do outro.
E elas? Elas. Eram, são, seram. Nossas? Não sei. Nunca saberemos. Nunca contando vantagens; sempre sabendo das capacidades. "- A gente espera por elas". Tanto feia quanto graciosa, todas entram na conversa.Quantas soluções demos pra melhora. Agora, melhorar o quê se não as conhecemos?Perder tempo é ganhar tempo.
Quantos dias não nos vimos. Quanto acúmulo pra mostrar como se fosse novo; algo como nunca visto. Repetir sobre uma paixão nossa, uma mesma mulher vista em todas mulheres, mas nunca vista pessoalmente; com o corpo vivo na nossa frente; feita por um calado viajante: branca, de verdes olhos,de cabelos contidos, vestida no couro do bode,escondida por entre buritis altos; correndo por entre galhos secos no lombo do cavalo.
Quantas ligações feitas somente pra conversar sobre o que fez nos ultimos dias. E você a repertir sempre: "nada!". Quantas vezes "eu vou", e você "não vou não". Quantas vezes eu "otário", e você somente ri.
Quantas vezes não fomos daqui. Quanta vezes nos vimos em outra vidas. Mas não queriamos morrer pra tá nessa vida. Mas essa vida Só teve valor quando nos encontramos.
Quantos silêncios nós nos demos; policiando-se pra não deixar o outro para trás quando o negócio é prazer. Guardar atos por muito tempo, uma sensação de "você não me contou".
Quantas vezes dispensamos outros parceiros por achar que atrapalharia nas nossas discursões. Quanto aprendemos que opinar não vale muito; somente valeria se for pra gente. Os outros que se virem! Quantas vezes me disseram que você era louco. Quantas vezes torramos a cabeça pensando na loucura dos outros.
Quantas vezes planejamos nosso futuro. Incerto? Somente se não pensarmos nele. Quantas empolgações em explicar a descoberta para a solução do nosso futuro. Futuros malucos regrados a muitas diversões, com poucas responsabilidades.Quantas escolhas acatadas pelo outro dentro da dificuldade do prazer. Mas todo doce é doce; já se sabe o sabor.
Quanta coincidência invejosa - boa - do Rosa. Homem sem prascóvias. Quanta língua falada em uma só língua. Quantos mundos ele percorreu com seus personagens astutos-matutos - a gente se via alí.
Quantas eu quis que você gostasse de poesia. E você "não me interesso". Quantas vezes você recomendou pra não me perder nas idéias escritas. E você leu todas. E eu empolgado em dizer a você - porque eu sabia que mesmo não entendendo, me escutava. Acreditando eu um dia ter o único amigo poeta. E você sempre em mostrar poesia em tudo. E eu sempre ficando semanas espantado com o que é novo: tudo é poesia.
Quantas recusou de passar a tarde na minha casa afirmando que meu quarto era quente. Quente? Era. Agora tenho ventilador de teto. Aliás, o seu é que é quente.
E os palheiros deixado na janela? Entre um viníl e outro - que odeio; enter uma risada e outra; entre acordes. E você sempre a dar uma filada.
Quantos sons se projetaram pela sua casa. E nós a espera-los no quintal, deitados no piso frio. Rindo de como superamos todas as criações, mas sem deixar de senti-las; sabendo que a qualquer hora o novo pode surgir.

arnon gonçalves