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segunda-feira, agosto 22, 2005

Sempre teve festa no ap.

Dia dos pais. Segunda semana de agosto. 14 de agosto. Para alguns esse dia fica a gosto de Deus. O que é um pai? O meu ainda é vivo. Para alguns, os seus parecem nunca ter existido. Não recrimino a existência desse dia. Só não gosto muito devido ao meu completar aniversario um mês depois. Presente aqui, presente ali. Mesmo sendo com seu dinheiro.
Vivo em um país onde pais são simplesmente símbolos de instabilidades emocionais. As esposas carregam na testa: “fui traída”. São em novelas, filmes, séries, tornando-se elemento cultural. Casou-se e não foi traída, tem algo errado. Eles fazem, elas pagam. Não que as mulheres não cometam tal imprudência. Mas trair em si tratando de homem é “acontecer”. Não irei até o término do texto ficar prejudicando a imagem dos pais brasileiros. Existem também os fieis, os dedicados, eternos amantes que ainda mandam flores, botam-na pra dormir. Acordam cedo pra preparar uma comida e infestar a casa de cheiro de café.
Eu quero ser pai, quero ter um filho igual a mim. Sei que não existe, mas quero. Quero ir ao parque, no domingo, céu azul, sairmos juntos como dois heróis.
Eu tive a oportunidade de ter vários pais. Todos cuidaram muito bem de mim. Não que minha mãe tivesse outros maridos. O que digo sobre “pais”, foram tios que sempre estiveram ao meu lado. Nunca morei com o meu, mas não por isso não irei considera-lo como pai.
Ser um, é ser preocupação. É símbolo de trabalho, símbolo de dedicação aos filhos, símbolo de loucura. Pai acorda por qualquer barulho, principalmente com o trinco da fechadura: “Passarinho que não deve nada a ninguém está cantando no oco do pau. Isso são horas?”.
Não tive educação materialista: “Que blusa cara é essa? Não dou um centavo”.Algumas táticas para saborear um café fanfarrão.(Todos temos problemas financeiros): “Vamos aproveitar a liquidação de iogurte no supermercado”.
Algumas vezes precisei de sapatos novos:
- Pai, meu sapato furou.
- Passa uma cola que fica novinho.
Várias viagens com conforto: “Banheiro de ônibus fede demais. Porra, não dão descarga não?”. Sempre com orgulho dos filhos: “É um vagabundo, só quer farra”.
Nunca tive inveja de outros pais, por mais comum que pareça. Defeitos todos têm, alguns tem mais que outros. E eu sempre pensava: “Meu pai é muito louco”. Frustei-me algumas vezes por não tê-lo presente em festas colegiais. Depois percebi que não havia vantagem em ir a ambientes onde somente tinham pais com aspectos mórbidos; outro com ares psicóticos, débeis.
Não há graça em falar dos momentos belos da união familiar. As coisas engraçadas é que valem, as dificuldades. São nelas que vemos que todos somos um só.
Falar de pai não tem fim, mas não falar tem preço.
...


arnon gonçalves

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Que lindoooo! Amei!
Por um momento achei que tivesse falando de maridos (imagina se tu tivesse um?!), e naum de pais.
Mas, tu conseguiu dar uma visaum geral do que eh ser/ter um pai.
Pais tem que ser engraçados mesmo...pais complicados e sérios naum tem graça.
Eu, jah vivi muito com meu pai, e lembro de muita coisa que ele fazia quando ainda era criança.
Hj, sinto ele distante e tenho saudade daquele tempo em que ele deitava na cama com minha mãe e eu me metia no meio. Dizem que pareço muito com ele, tanto fisicamente, quanto nas atitudes. Eu quero se melhor que ele. Ele naum eh feliz. Eu quero ser. Mas, eu o amo ainda assim.
Xero

12:57 AM  
Anonymous Anônimo said...

Arnon...
Nem preciso dizer que achei seu texto engracado...
Pais sao tudo. E eu concordo contigo que cada um deles tem seus problemas, mas nao tem como nao amar os pais da gente...
Vc eh um bom filho, vc sabe disso :)
Beijos

12:25 AM  
Anonymous Anônimo said...

Gostei do texto. Simples e direto, como as pessoas devem ser. parabéns!

11:34 PM  

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