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segunda-feira, agosto 22, 2005

Outros carnavais

Tive certa impressão de ter olhos voltados a mim. Repito: olhos para mim. Afirmo – com receio – quando estive na casa de praia de um amigo em um carnaval de desastres.
Vários amigos, vários conhecidos, vários desconhecidos. Seria ótimo ser alvo de olhares se não houvesse um ponto: eu estava acompanhado, e muito bem acompanhado. Era a mulher que escolhi ser minha eterna parceira.
Outro ponto: o que é a beleza e a graça diante de um relacionamento com os dias contados? Esforçamos-nos, mas tornando tudo muito cansativo. Sempre fui fiel, e naquele momento ainda mais. Até porque não queria dar fim ao relacionamento.
A mulher que não que estava disposta a um caos ao carnaval, importou-se pouco com a minha mulher.
Sorrisos cínicos, olhares reveladores. Percebi-a pouco depois de chegar à casa de veraneio. Escutei conversando com amigos sobre o motivo de estar lá sozinha – o noivo viajou para outro paraíso.
Seria isso uma mensagem oculta, algo que dominasse. Senti uma vontade louca de trair, conduzindo-a também à traição.
Em todas as situações de desavenças com minha parceira, lá estava ela a surgir. Revelava um diabolismo, pronta a dar um sorriso atravessado pelas costas da traída.
Em uma das noites, saímos todos à praia para escutarmos musica. Como uma cigana feiticeira, utilizou a infalível arma da dança como uma forma de seduzir-me.
Desviei olhares, mas ela sabia que isso era de pouca eficácia. Pensei: que mulher louca é essa? A minha já tinha notado, e comentou: Arnon, cuidado com os olhares. Tremi. Pensei em enfiar a cabeça em um buraco. Para dispersar a mente eu e outros poucos fomos obter prazeres em fontes artificiais.
No dia seguinte continuei envergonhado, mas não vacilei e fiquei em outros mundos, conversando com os presentes na casa. A noite proporcionara a todos uma caminhada na praia. Um descanso mental. Retornei para a casa sentindo uma exclusão das brincadeiras. Melhor, encontrei dois amigos sentados à mesa com garrafas de uma bebida que lembrava algo com limão. O rapaz disse que era barman em boates gays.
Entre conversas e risos a cigana chegou, e saiu do quarto, convidando-me para ir a uma festa. Recusei afirmando cansaço. Eu não seria louco.
Na manha seguinte, a poucas horas de partir, ela fez questão de falar da sua vida e seus sonhos. Mostrou-me pequenos fosseis, disse que era bióloga e prima do dono da casa. Disse que queria reencontrar-me. Não falei nada.


arnon gonçalves

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Eita uma biologa foi massa, viu?!
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
Todo um processo...
Adoro ler suas historias, muito engracado!
Beijos

2:40 PM  
Anonymous Anônimo said...

kkkkkkk
Concordo com Cau, e essa ficou com um gosto de quero-saber-o-resto!
Muita boa!!
Serah que ela era uma puta, tentando te seduzir?!
Ahhhhh, naum conhece o Sr. Arnon...
Xero Non

12:49 AM  
Anonymous Anônimo said...

É incrível o poder de sedução que a mulher consegue exercer sobre o homem. Uma verdadeira mística envolve esse fato. Abraço!

11:42 PM  

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