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terça-feira, julho 26, 2005

Ilha brava

A primeira vez aconteceu em uma situação repugnante: “Vamos se embebedar!” Tudo em meio a uma barulheira insuportável que uma banda proporcionava. Um gentil “amigo comum” comenta: “Vamos “se” é foda!” Que merda de comentário fiz! Estudante de jornalismo, e por força medíocre do vício de linguagem, erro no plural. Tudo isso diante dela.
Linda! Como disse Neruda: “Nela os rios cantam”. Não tentei, e nem tentarei lembra-la do incidente. Fiquei com a cara no chão. O mundo pára, a música pára, o corpo pára, as mãos gelam – a mente pára. Lembro perfeitamente de seu olhar dizendo: “Existes?”.
Já a vi em outras festas e bares, sempre à noite – com outro. Este amigo me viu como o único “homem interessante” que tinha estado com ela. Ele não me viu com ela, mas disse pelo fato de eu ter comentado sobre o interesse que surgira. Amigos – todos idiotas. Evidentemente que antes uma gentileza de amigo, que uma falsidade de um inimigo. Ele me disse que os “ex” tinham aspectos de mongóis (distúrbios).
Conheci-na por intermédio de outro amigo – o sambista frustrado. Chegamos do carnaval (eu e ele), e acertamos para nadar em rodadas de chopes.
Em um final de semana recebo a ligação dele me convidando para a tal saída; e que teríamos como companhia duas amigas; uma delas era “ela”, a outra era a parceira que o acompanhava em outras noites. Quando me comentou, não recordei de quem falava. Recordei depois dele associar a um nome de um ex-namorado dela.
Tenho ás vezes certo bloqueios para rostos e nomes. Achei que seu nome fosse Marina. Não cometi a indelicadeza de ter trocado nomes diante dela.
Conhecemo-nos em um lanche, que a princípio, seria uma ponta para irmos assistir alguns filmes em minha casa. Não fomos. Saímos para comprar diversões.
Estava nervoso, olhava-na como se quisesse descobrir algo, como se pudesse sentir o que sente.
Como às vezes pensamos que o que pode nos aproximar é um factual e ínfimo momento de intelecto. O que na verdade aconteceu foi um momento artificial de prazer, ou vice-versa.
Havia em mim uma necessidade de expandir o tempo, para que quando escrevesse, viesse a ter uma melhor visão de suas atitudes.
Fomos à Salvador, antes, ficamos dias sem nos comunicar. Sem ao menos um “oi” ao telefone. Estive meio desconfiado de seus pensamentos sobre mim. Imaginei que me achava mais um que passou em sua vida. Mesmo depois da viagem não tive certeza de seus pensamentos.
Em si tratado de viagem, fomos passar alguns dias na “terra da felicidade”. Esperei ansiosamente três dias. Ouvi de alguém que não fosse com sede ao pote.
Como a admirei, e como me dediquei. Não por um retorno em forma de carinhos ou beijos. Eu cheguei em Salvador sabendo que não haveria nada além de sorrisos e plantões médicos (os excessos sempre são prejudiciais em si tratando de bebedeiras). Tudo foi muito divertido; as brincadeiras, as conversas soltas, tudo sem preocupações, tudo dentro de prazeres. Vi a maravilha que é.
Não sei se tem medo de algo, ou esconde segredo que não os revelem. Acordei no domingo com ela encostada à porta. Observou-me com um olhar único, e falou: “Estou indo embora”. Não senti muito, não sei o por que. Sinto que a terei de novo, e não só em amizades.

arnon gonçalves