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segunda-feira, julho 25, 2005

Tarde de verão

Desde que minha irmã passou a morar em um novo apartamento, tenho notado a presença de uma vizinha que mora no em um condomínio em frente ao nosso (sou praticamente morador).
Telma já informara a beleza que a menina possuía, e que sempre visita a janela às tardes.
Não dei muita importância no começo, mesmo sendo algo reduz à curiosidade:
- Tem uma gatinha na janela da frente – ela falou.
- È?
Passei então a ficar escondido atrás das cortinas para observar quem era a menina. Em meu canto, fazia uma série de reflexões incertas: “Bonita mesmo! Deve ter uns 15 ou 16 anos”. Quem é aquele cara que conversa com ela? Ela me viu! Disfarcei.
Como sou uma mula! Se todos os homens fossem machos e as convidassem para uma conversa, seria uma loucura!
Ontem tomei uma decisão ímpar. Notei que estava chorando e decidi chamar sua atenção:
“Menina!”, “Aqui, olha pra cá!” Eu sabia que ela ouvira minhas interpelações. Mas sua tristeza a impedia os movimentos.
Provavelmente pensou: “O que é que ele está fazendo?”, “Meu Deus!” Somente tentei ajudar – mesmo tremendo de medo de ser enxotado.
Segurou um ursinho de pelúcia juntando as costas na janela, e retornou a chorar. Poderia estar pensando “nele”, ou ainda, se seriam um só. Poderia ter brigado com a mãe – já que a velha tem uma cara de poucos amigos. Ou ainda, ser recriminada pela irmã por ser mais nova, e assim ter menos acessos às liberdades.
Na manhã seguinte – por coincidência – vi o rapaz que sempre aparecia nos fins de tarde para jogar partidas de dardo. Estava atravessando a rua com um olhar distante. Logo em seguida vi um novo rapaz em sua janela a observar os funcionários da limpeza do condomínio.Parece pouco com ela. “E ainda estava sem blusa!” Não acredito em uma relação mais intima entre ambos. Dificilmente um novo amante estaria em tal conforto para que se acomodasse a tal maneira. São férias, pode ser um primo distante.

arnon gonçalves

2 Comments:

Blogger Mirela Magnani said...

Ah, os amores platônicos... tão belos e intensos. Às vezes faço "odes" às coisas queridas que preciso "assassinar" todos os dias. Não acredito no Carpe Diem. Não mais...

7:23 PM  
Blogger Vladimir Oliveira said...

Mirela, certa vez um poeta escreveu:

"Matar, a forma mais alta de amar,
matar em nós a vontade de matar,
voltar a matar a vontade,
matar, sempre matar,
mesmo que, para isso
seja preciso todo o nosso amar."

Ah, o nome do poeta começa com Paulo e termina com Leminski.

7:42 AM  

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