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quarta-feira, outubro 19, 2005

Rap, r.i.p.?

Odiado e perseguido pelos mais incultos teóricos da cultura, o rap cresce como a maior forma de protesto musical da sociedade dos últimos 20 anos. Protestos contra a pobreza, o preconceito racial e a perseguição, são elementos utilizados em um estilo musical que compõe uma forma artística popular com outros fartos elementos característicos enquadrados em uma estética contemporânea: a mistura de estilos como forma de reciclagem, onde há uma seleção e combinações melódicas de partes de faixas musicais já criadas e gravadas até por outros músicos – sejam eles famosos ou não; a utilização dos meios tecnológicos, e a adesão da cultura de massa.
Tratando da situação de posse e/ou remontagem de outras canções, o rap põe em questão a posição da obra de arte como um todo orgânico, onde a separação de elementos sonoros já não é uma destruição do todo da obra. Coloca que, a criação e o empréstimo são formas compatíveis mesmo que a ideologia da originalidade elimine o fato da obra de arte ter sofrido influências.
Proveniente da classe suburbana norte-americana, diretamente à influência africana, no que diz respeito ao ritmo, o rap é uma vertente do disco, movimento criado na década de 70 nos EUA, mais precisamente nos guetos nova-iorquinos: Bronx, Halen e Brooklin.
O rap adentra na sociedade trazendo consigo todas as perseguições e discriminações sofridas, embalado em letras discursivas densas e agressivas, ritmo repetitivo, canções faladas ou recitadas – como em poesias. Inclui-se aí um conjunto cultural que agrega entre outros: o break, o graffiti e a moda. Todos denominados de “hip hop”.
As discriminações surgidas quanto ao teor das letras, são referentes aos abusos de palavras que exaltam a violência e em outros poucos casos, a sexualidade. Tais pontos, se comparados com o todo produzido no surgimento do estilo no começo da década de 80, são características mais perceptíveis em raps executados nestes últimos anos, mais precisamente nas canções criadas por músicos norte-americanos, ou em menor escala, por músicos europeus e sul-americanos. Também por parte dos norte-americanos, há uma ostentação à riqueza. Essa característica surge como forma de inspiração, onde a saída do gueto à ascensão financeira e o status, são elementos palpáveis a todos de uma classe inferior. Indiretamente, a sexualidade feminina ganha forma como uma porta de entrada neste mundo próspero. Isto é, mais demonstrado em apresentações de clipes musicais, sendo essa a forma aliada de intensificação das idéias.
Posicionando-se dentro da ótica nacional – devido às diferenças quanto a outras criações internacionais – o rap brasileiro em sua trajetória, em boa parte, tratou de expor todas as vivências e dificuldades, tanto do próprio autor da composição, quanto da comunidade onde vive.
Evidente que no caso dos rapers expressarem algo particular - envolvimento com a criminalidade, droga, racismo e exclusão social – é uma forma prática de mostrar que um elemento (ou pessoa) define o todo. É como se tais formas repressoras fossem algo comum entre todos da comunidade. Havendo assim uma má compreensão por parte de pessoas de outras classes sociais, ou de outras tribos musicais. Isso não se eleva ao todo, como já demonstrado em mesclas de músicos de rock com o próprio rap, ou ainda em samplear (mesclar trechos musicais) elementos do jazz na própria canção.
Afirmar uma posição social superior pela música é uma tradição negra. Ambigüidades, estratégias de oratória, paródias ocultas, são distanciamentos da discriminação dos brancos, criando assim formas imperceptíveis de entendimento, colocando o rap a rivalizar em obras ditas superiores; não incluindo aí a música erudita, mesmo em ambos os movimentos musicais havendo aproximação quanto à união, ou mesmo, resgate de elementos folclóricos ou composição de elementos alusivos.


arnon gonçalves

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

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11:39 AM  

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