A culpa coroada

A minha ascensão já não mais me quer. Perdeu-se dentro da desgraça alheia; todo único olhar; aspirações de emoção; o não acreditar na crueldade da forma; fechar o coração para não mais repetir-se; pés úmidos em musgos de costas roladas; um dia: todos os dias. Todos? Os dias.
A minha decadência esta dentro das formas anteriormente possíveis; fagulhas vindas de um fogo de cores variadas; água fria tentada a esquentar na força voraz de um querer; clarão nos olhos mornos de um sono escuro; pisadas apressadas em um chão de fundos buracos; sinos tremulantes em meio à multidão; dores sentidas em lugares não sentidos; cusparadas e jorros gritantes – sentidos ascos.
A minha ascensão está dentro das formas anteriormente impossíveis; perdeu-se dentro das fagulhas vindas de um fogo sem cor; toda água fria tentada a esfriar um único olhar; aspirações de um morno sono com clarões de emoção; o não acreditar na lentidão das pisadas cruéis em fundos buracos; o repetir tremulante dos sinos nos corações repetidos; dores sentidas nas costas pisadas por pés secos; cusparadas e jorros: todos os dias.
A minha decadência já não está mais dentro das formas que me querem; fagulhas perdidas dentro das cores variadas; toda força voraz de um único olhar; clarões de emoção aspirados nos olhos sonolentos; fundas crueldades em formas esburacadas; repetir multidões tremulantes em meio ao sino do coração; pés não sentidos em lugares de musgos nas costas; todas as cusparadas e jorros sentidos nos dias gritantes. Dias ascos?

arnon gonçalves